remembranças

|
Ando meio esquisita, para não dizer em crise existencial. Hoje resolvi fazer um faxinão nas minhas coisas. Papéis e mais papéis que guardo, como um link ao passado. Passado de uma criança sonhadora, adolescente idem, porém questionadora e jovem adulta mais ainda. Sabe aquelas agendas, que nos anos 90 toda menina tinha para usar como seu diário? pois é, encontrei duas que me emocionaram. A primeira, daquela fase de descobrir o mundo da galera reunida, do primeiro amor, das festinhas com aquela turma que se divertia mesmo sem sexo, drogas mas com muito rock'n rool. A segunda, da fase de valorizar os amigos acima de tudo, fazer festa e continuar a sofrer pelo primeiro amor. Impressões de como foram os dias que se passaram, dos sentimentos ambíguos de todo adolescente, dos questionamentos que se arraigaram no meu ser. Ri e chorei esta tarde, deitada na minha cama, ouvindo alguns sons que marcaram essa época, lendo trechos de uma vida que passou, cheia de sonhos e esperanças. Ri, porque encontrei cartas escritas por uma amiga especial, que era a "terrível" da turma, cartas escritas dentro da sala de aula, perguntando sobre a minha vida, coisa que ela sabia , pois vivia plenamente junto. Chorei, de saudades dessa amiga que se foi tão cedo e descobri que ainda hoje, tanta falta me faz.
Ri e chorei das besteiras que falávamos e pensávamos. Ri e chorei, me emocionei, porque ainda conservo uma amizade sólida daqueles velhos tempos, né Sam? Amizade que acompanhou todo sofrimento de uma guria levemente problemática, com seus medos e questionamentos.
Chorei mais um pouco, quando li os versos simples e bobos daquele namorado que perpetuou-se nas agendas e, que por incrível que pareça, aparece em alguns dizeres meus ainda hoje. Ri, do quanto sofri por esse rapaz e me indiguinei quando penso que às vezes ainda sofro por sua rejeição (mesmo após tantos anos).
Ainda deitada na cama, com um montante razoável de agenda, livros, papéis e cadernos que estavam guardados, reli os trabalhos da faculdade, inclusive a minha monografia que pensei estar perdida. Ri da parte dos agradecimentos, onde até bill gates citei, como sendo um agente para exercitar minha paciência, com o windows e seus "este programa executou uma operação ilegal e será fechado". Chorei de saudades da minha vó, que me incentivou a estudar o que eu realmente queria. Saudades da minha companheira de estudos, a minha gatinha Brenda, que ficava ao meu lado enquanto pesquisava. ela morreu pouco tempo depois.
Revendo os anos que se passaram, ri e chorei, vendo onde aqueles momentos perpetuados em papéis, me levaram onde estou hoje, o rumo que minha vida tomou. Não sou uma designer como aquela que imaginei um dia ser, mas uso todo conhecimento adquirido para ser a "hair designer" que sou. Cores, formas e composições que tanto me fascinaram, ainda fazem parte do meu dia a dia.
Enfim adormeci no canto que sobrou pra mim na cama, entre ilusões e desilusões, sonhos, realidades, dizeres, amizades, amores e desamores. e quando acordei, tinha ainda uma gatinha companheira na minha cama, a Frida, que se parece muito com aquela citada acima. É, algumas coisas mudam, outras nem tanto.

3 nada a declarar?:

AndreChr disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AndreChr disse...

Ahhh... Que lindo texto, paixão! E que belo momento!!
É tão bom rever, reler, re-Sentir essas coisas todas, não é?!
Acabou me remetendo a coisas minhas e me emocionando com elas também. Isso deve acontecer com todos os que acabarem lendo teu post.
Enorme beijo!

Unknown disse...

minha negrinha amada: meus olhos tão cheios d'agua, podes crer que voltei no tempo contigo e lendo este texto me passou um filme na cabeça, quanto riso, choro, conversa séria ou besta compartilhamos, né Mê!? Tu és sem dúvida um dos meus amores eternos, parte de mim, da minha família! te deixo beijos emocionados e sem bilhetinhos, mas na frente de uma tela colorida, num fundo que não é uma folha da agenda...mas, continua tendo a tua cara, marca ali!