Sonhos e Obrigações

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minha memória anda uma merda. não que ela funcione sempre muito bem, mas ultimamente, ando loooonge demais.
fico pensando, pensando, pensando (segundo meu analista isso não é pensar, é divagar) e um pensamento atrapalha o anterior e assim sucessivamente. tanto que acordo com eles, penso em escrever, e, quando levanto me pergunto: o que eu ia fazer mesmo???? às vezes, depois de hoooras lembro e se não anoto... fu!
anteontem à noite, no meu refúgio convencional, peguei para ler mais uma vez, Machado de Assis, mais especificamente Dom Casmurro, que considero a melhor obra deste autor e um discurso atemporal. Li algo que pensei: preciso colocar isto no blog! é genial!!!! mas depois de horas de sono esqueci o que era.
ontem à noite, reli alguns trechos para tentar descobrir o que era e no final das contas, um trecho e uma frase me chamaram a atenção:

"...fui à janela indagar da noite por que razão os sonhos hão de ser assim tão tênues que se esgarçam ao menor abrir dos olhos ou voltar de corpo, e não continuam mais. A noite não me respondeu logo. Estava deliciosamente bela, os morros palejavam de luar e o espaço morria de silêncio. Como eu insistisse, declarou-me que os sonhos já não pertencem à sua jurisdição... Mas os tempos mudaram tudo. Os sonhos antigos se aposentaram e os modernos moram nos cérebro da pessoa. "

"A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre, por mais vontade que tenha de as infrigir deslavadamente."

fiquei pensando sobre isso alguns instantes e descobri que concordo com isso.
Nossos sonhos, com o passar dos anos, mudam e vão se esfacelando cada vez que a realidade os desfaz. daí vem as obrigações da vida, que não nos permitem sonhar mais e dá vontade de chutar o pau da barraca de uma vez por todas para ver se algo muda. Mas elas são maiores e mais fortes do que eu, se ainda quiser fazer parte deste mundo.

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